Novos ataques no Iêmen

Operações militares contra os Houthis refletem nova postura dos EUA na região

Arthur Nasario

3/31/20252 min ler

Os recentes ataques aéreos dos Estados Unidos contra alvos Houthi no Iêmen têm gerado grande repercussão no cenário internacional. O governo de Donald Trump ordenou uma série de bombardeios, marcando a maior operação militar americana no Oriente Médio desde o início de seu segundo mandato. A ofensiva, iniciada em 15 de março, teve como objetivo neutralizar sistemas de defesa aérea, radares e bases de mísseis e drones utilizados pelos Houthis para atacar embarcações comerciais e militares no Mar Vermelho e no Golfo de Áden.

Além dos objetivos estratégicos, os ataques também enviam uma mensagem clara ao Irã, principal aliado dos Houthis. Trump declarou que qualquer apoio iraniano ao grupo será tratado como um ato de agressão direta, reforçando uma postura mais agressiva em relação à influência iraniana na região, buscando conter a ameaça representada pelos Houthis e proteger rotas marítimas vitais para o comércio global.

Desde outubro de 2023, os Houthis têm intensificado os ataques contra embarcações

internacionais, alegando solidariedade à causa palestina e tentando pressionar Israel a

encerrar o bloqueio à Faixa de Gaza. Esses ataques incluíram o uso de mísseis balísticos e

drones contra navios no Mar Vermelho, resultando em danos significativos. Em resposta, os

Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional na Operação Prosperity Guardian,

combinando escoltas navais com ataques aéreos periódicos para conter as ações dos Houthis.

Os bombardeios têm levantado preocupações sobre o impacto na população civil. Relatos

locais indicam que áreas residenciais foram atingidas em Sanaa e outras regiões do país,

resultando em dezenas de mortes e feridos. Segundo o Ministério da Saúde liderado pelos

Houthis, pelo menos 53 pessoas morreram nos ataques iniciais, incluindo crianças e

mulheres. A UNICEF confirmou a morte de duas crianças em Saada durante os bombardeios.

Além disso, ativistas temem que as operações possam agravar ainda mais a crise humanitária

no Iêmen, um país já devastado por anos de guerra civil e bloqueios econômicos que

dificultam o acesso a alimentos e medicamentos.

Os Houthis responderam aos ataques prometendo retaliação contra forças americanas e seus

aliados na região. Em um movimento ousado, o grupo afirmou ter lançado mísseis balísticos

e drones contra o porta-aviões USS Harry S. Truman, que permanece sem confirmação

oficial sobre os supostos danos causados. A situação permanece volátil, com riscos crescentes

de militarização envolvendo outros atores regionais como Arábia Saudita e Israel.

Com milhões de pessoas dependendo de ajuda externa para sobreviver, os ataques aéreos

americanos podem agravar ainda mais a crise humanitária no Iêmen. A infraestrutura de

saúde no país está extremamente comprometida, e a falta de acesso a medicamentos e

tratamentos básicos é preocupante.

A comunidade internacional tem reagido de maneira ambígua. Enquanto a Arábia Saudita,

apoia as operações americanas como uma medida necessária para proteger a segurança

regional, outros países, como a China e a Rússia, expressaram preocupações sobre o conflito

militar e seus impactos na paz global. A ONU tem tomado ações por uma resolução pacífica,

mas até agora, as negociações têm sido rejeitadas.

O Iêmen é um país com recursos naturais limitados, mas sua localização estratégica no Mar

Vermelho torna-o crucial para o tráfego marítimo global. Qualquer interrupção nas rotas

comerciais terá efeitos colaterais em todo o mundo, afetando o preço dos combustíveis e

diversos outros produtos. A estabilidade no Iêmen não é apenas uma questão de comoção

regional, mas um assunto de extrema importância global.

Fonte: US Central Command/Handout/Reuters