França pressiona União Europeia por postura rígida contra Israel
Macron pressiona União Europeia para adotar medidas mais duras contra Israel e recebe resposta do governo israelense
POLÍTICA
Brenda Soares Ribeiro
6/7/20252 min ler


Na sexta-feira, 30 de maio de 2025, o presidente francês Emmanuel Macron fez um apelo à União Europeia para adotar uma postura mais rígida em relação a Israel, caso a situação humanitária na Faixa de Gaza não apresenta melhorias significativas nas próximas horas e dias. Durante coletiva de imprensa em Cingapura, Macron classificou o bloqueio israelense à entrada de ajuda humanitária em Gaza como “inaceitável” e sugeriu que a UE considere medidas como a suspensão do acordo de associação com Israel e a imposição de sanções, caso a crise persista. Ele também enfatizou que o reconhecimento de um Estado palestino não é apenas um dever moral, mas uma exigência política realista, condicionando-o à libertação de reféns pelo Hamas, à desmilitarização do grupo e à criação de uma arquitetura de segurança regional.
Macron destacou ainda que a França co-presidirá, junto com a Arábia Saudita, uma conferência da ONU em Nova York, prevista para junho, com o objetivo de promover a solução de dois Estados, onde Israel e uma Palestina independente coexistem pacificamente.
Esse posicionamento de Macron reflete uma mudança na postura de líderes europeus, que antes demonstravam apoio incondicional a Israel. Agora, países como Alemanha, Espanha e Reino Unido também aumentam a pressão sobre Israel devido à prolongada ofensiva militar em Gaza e à crescente crise humanitária.
Em resposta, o governo israelense, por meio do Ministério das Relações Exteriores, negou a existência de um bloqueio humanitário e acusou Macron de conduzir uma “cruzada contra o Estado judeu”. Em publicação nas redes sociais, Israel afirmou que a acusação de bloqueio é uma “mentira descarada” e criticou Macron por, segundo eles, querer “recompensar terroristas jihadistas com um Estado palestino”, fazendo referência à data de 7 de outubro, quando o Hamas realizou ataques contra Israel.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, também criticou Macron, afirmando que Israel construirá o Estado judeu no terreno, apesar do reconhecimento simbólico de um Estado palestino que Macron defende.
A situação humanitária em Gaza é grave, com a ONU afirmando que 100% da população está em risco de fome extrema, agravada pelo bloqueio israelense e pela insegurança que dificulta a entrega de ajuda. Apesar de alguma ajuda ter sido permitida recentemente, a quantidade é insuficiente diante da dimensão da crise, e episódios de saque de suprimentos humanitários têm ocorrido devido ao desespero da população.
A comunidade internacional permanece tensa, buscando soluções para aliviar o sofrimento dos palestinos e avançar para uma resolução pacífica do conflito, enquanto a ofensiva militar israelense continua, com ataques que já resultaram em milhares de mortos e deslocados.
Brenda Soares Ribeiro, editora de política internacional do Observatório de Relações Internacionais