EUA impõem tarifas elevadas a produtos importados e reacendem guerra comercial global
Brenda Soares Ribeiro
4/10/20252 min ler


Em uma decisão que promete redefinir o cenário econômico mundial, o governo dos Estados Unidos deu início a uma nova onda de tarifas comerciais sobre produtos importados, afetando diretamente seus principais parceiros comerciais. A medida, anunciada no dia 2 de abril e com vigência a partir do dia 9 de abril, representa um dos movimentos mais agressivos já vistos no comércio internacional nas últimas décadas.
A ação, liderada pelo ex-presidente Donald Trump, agora novamente à frente da Casa Branca, impõe um imposto básico de 10% sobre as importações de todos os países. Entretanto, os números variam conforme a região: 10% para países da América Latina, 20% para os países Europeus e 34% para produtos vindos da China e outros países do continente, demonstrando um foco maior na contenção da influência econômica do continente asiático.
Segundo Trump, o objetivo das novas tarifas é combater déficits comerciais que chegam a cerca de US$1trilhão por ano, além de tentar restaurar a força industrial americana. Em um discurso inflamado no Jardim das Rosas, ele afirmou que os EUA foram "saqueados, pilhados e abusados" por outras nações ao longo das últimas décadas, criticando o sistema de comércio global criado no pós-Segunda Guerra Mundial — sistema esse que, paradoxalmente, teve forte participação americana em sua construção.
Contudo, especialistas alertam para o impacto devastador da medida. Um professor de economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) classificou o tarifaço como “um choque brutal” para a economia mundial, o maior desde a crise de 1930. Ele ainda destacou que, ao contrário do que foi prometido, as tarifas não são recíprocas e devem afetar significativamente a economia brasileira, com setores estratégicos como o da aviação, representado pela Embraer, particularmente vulneráveis.
O mesmo especialista apontou que a eficiência das nações asiáticas em criar políticas industriais e de inovação nas últimas décadas — como China, Vietnã, Malásia, Tailândia, Indonésia e Índia — contribuiu para o atual desequilíbrio, agora combatido com medidas protecionistas.
A medida é considerada por muitos analistas como um divisor de águas para o comércio internacional. Além de encarecer bens essenciais da classe média americana, como moradia, automóveis e roupas, ela ameaça desmantelar alianças históricas e estruturas econômicas que garantiram estabilidade global nos últimos 70 anos.
Com o início dessa nova fase da guerra comercial, o mundo observa atento aos desdobramentos que podem impactar profundamente a dinâmica econômica e geopolítica global nas próximas décadas.