EUA anuncia que irá dobrar as tarifas de aço e alumínio para 50%, e recebe resposta da China e UE

O reajuste adicional nas tarifas de importação de aço e alumínio anunciado por Donald Trump nessa última sexta-feira causa preocupação a economia global e, consequentemente, resposta da União Europeia.

ECONOMIA

Ana Flavia Maria Santo Wagner

6/7/20254 min ler

O recente anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos a respeito das tarifas retomou a intensa guerra comercial global. Este texto viabiliza analisar os impactos econômicos e diplomáticos dessa decisão.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um reajuste considerativo de 25% para 50% nas tarifas de importação do aço e alumínio, que entrará em vigor a partir da quarta-feira (04/06). Após o tribunal de apelações dos Estados Unidos suspender, na última quinta-feira (29/05), a liminar prescrita pela corte de Nova York que bloqueava grande parte das tarifas impostas por Trump no início de abril, o presidente anunciou o reajuste.

Na sexta-feira (30/05), em um comício em Pittsburgh, Pensilvânia, Trump comunicou o reajuste e alegou que a medida impulsionará a indústria siderúrgica e o fornecimento nacional, diminuindo a dependência da China. Além do aumento das tarifas, Trump também anunciou o investimento de US$ 14 bilhões na produção de aço na região de Pittsburgh, que acontecerá por meio de uma parceria entre a US Steel e a japonesa Nippon Steel.

Segundo funcionários da Casa Branca, o presidente convenceu a siderúrgica japonesa a aumentar seus investimentos nos EUA, dando voz ao governo e suas fábricas americanas. Ainda não há detalhes da parceria nem confirmação de acordo entre as empresas, sendo um anúncio que compromete e viabiliza a recorrente pauta de Trump sobre as tarifas.

Em meio às inseguranças da classe trabalhadora a respeito de como seriam as contratações e acordos sindicais da empresa japonesa, Donald Trump também assegurou que não haverá terceirização e demissões, e afirmou ainda que os metalúrgicos dos Estados Unidos receberão um bônus estimado em US$ 5.000, o que provocou reações positivas da população.

Ao iniciar as anunciações, o presidente defendeu que socorreu a US Steel, maior fabricante de aço dos EUA, ao implementar as tarifas de 25% em seu mandato em 2018, justificando seu aumento para 50% como forma de garantir a sobrevivência da US Steel e seus 124 anos de existência.

Em meio aos novos anúncios, Trump retomou a pauta sobre a China, alegando que ela violou a trégua firmada sobre as tarifas no início do mês, que havia sido acordada nas negociações em Genebra, não dando muitos detalhes sobre essa violação. Desta forma, Jameson Greer, Representante Comercial dos EUA, acrescentou que a China ainda estava impondo as barreiras tarifárias, diferente do que haviam acordado.

A China respondeu indiretamente em Pequim, ainda na sexta-feira, com suas próprias acusações aos EUA, urgindo que o país cessasse as restrições discriminatórias à China. Com relação à importação de aço e alumínio, a China ressaltou ser o maior fabricante mundial de aço, sendo responsável pela metade da produção global, conforme as estatísticas da Associação Mundial do Aço em 2022.

O anúncio de Trump não causou apenas reações da China, como também provocou uma resposta da União Europeia, que reagiu de forma agressiva, lamentando com pesar a decisão dos EUA. O porta-voz da Comissão Europeia alerta que “essa decisão aumenta ainda mais a incerteza na economia global e eleva os custos para os consumidores e empresas de ambos os lados do Atlântico”, mencionando que a decisão pode ser vista como um obstáculo aos esforços para solucionar essa guerra comercial.

Principiando que a guerra imposta pelo presidente Donald Trump está longe de se abater, ainda mais com seu recorrente reajuste às taxas tarifárias, o porta-voz concluiu rebatendo o anúncio e afirmando que a UE está preparada para impor contramedidas. “Se nenhuma solução mutuamente aceitável for alcançada, tanto as medidas existentes quanto as adicionais da UE entrarão em vigor automaticamente em 14 de julho, ou antes, se as circunstâncias exigirem”, acrescentou.

O porta-voz também explicou que as medidas de retaliação às tarifas de aço e alumínio dos EUA foram pensadas ainda em 2018, quando Trump havia aumentado as tarifas para 25%, explicando que só não foram aplicadas devido ao recuo em favor das negociações na época.

O representante da Comissão Europeia também deixou claro que, no momento, devido ao agravamento da disputa tarifária, a Comissão reitera sua posição de defender seus interesses econômicos. “A Comissão deixou clara sua prontidão para agir em defesa dos interesses da UE, protegendo nossos trabalhadores, consumidores e indústrias”, disse o porta-voz.

Em meio ao anúncio, Donald Trump ainda brinca em justificativa às suas decisões com o seguinte questionamento: “Se você não tem aço, não tem um país. Se não tem um país, não pode construir um exército. O que vamos fazer? Dizer: ‘Vamos para a China buscar nosso aço nos tanques do exército’?”

Com as reações econômicas globais, mais uma vez, o anúncio e decisão de Trump, presidente dos Estados Unidos, afetam a movimentação econômica global. Suas ações apontam para a seguridade hegemônica dos EUA, ressaltando as intenções do republicano quanto à posição de sua nação e trazendo, consequentemente, alterações às relações econômicas e diplomáticas entre as demais nações.


Ana Flavia Maria Santo Wagner é estudante de Relações Internacionais pela Univille. Redatora Junior de Economia do Observatório de Relações Internacionais.